TENDENDO May 6, 2025 IDOPRESS

A comunicação governamental virou dos marqueteiros

O ministro Alexandre Padilha usa o boné com a frase \'O Brasil é dos brasileiros\' — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo / 01/02/2025

O ministro Alexandre Padilha usa o boné com a frase 'O Brasil é dos brasileiros' — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo / 01/02/2025

RESUMO

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GERADO EM: 06/05/2025 - 00:08

Campanha "O Brasil é dos brasileiros" gera debate sobre uso político da comunicação oficial

A recente campanha "O Brasil é dos brasileiros" do governo Lula levanta preocupações sobre o uso da comunicação governamental para fins de marketing político,desrespeitando a Constituição que exige um caráter educativo e informativo. A campanha visa melhorar a imagem do governo,adotando um viés nacionalista,contradizendo a tradição do PT. Essa estratégia de marketing político compromete a neutralidade e a transparência da comunicação oficial.

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O governo federal lançou recentemente a campanha “O Brasil é dos brasileiros”. À primeira vista,uma frase de fácil aceitação,com forte apelo popular. Mas,ao olhar mais de perto,a campanha revela algo grave: o uso indevido da comunicação governamental para fins de marketing político. Trata-se de uma ação pensada para,prioritariamente,melhorar a avaliação do governo Lula,num posicionamento que busca se contrapor à dupla Bolsonaro/Trump,usando a máquina pública na disputa contra adversários políticos.

A Constituição Federal é clara ao determinar que a publicidade deve ter,exclusivamente,caráter educativo,informativo ou de orientação social,sendo vedada a promoção de governantes ou partidos. Ainda assim,o governo ignora essas balizas e destina R$ 50 milhões a uma campanha que,embora não mencione nomes ou partidos e apresente traços de divulgação de resultados,é inequivocamente orientada por uma estratégia de posicionamento político.

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A comunicação governamental não pode ser usada como laboratório para “reconquistar símbolos” ou “reapropriar narrativas”. Esse tipo de disputa simbólica,por mais legítima que seja em contextos eleitorais ou partidários,deve ocorrer no campo da comunicação política,não da comunicação governamental,financiada com recursos da sociedade — e deve se manter neutra e impessoal,com fim principal de prestar contas à população.

Isso,por si só,já seria grave. Mas o problema vai além. O slogan “O Brasil é dos brasileiros” contraria a orientação histórica do Partido dos Trabalhadores,que adota como linha política o internacionalismo,o multilateralismo e a cooperação entre os povos. O próprio programa de governo apresentado em 2022 reforçava essa visão,assim como os dois primeiros anos do atual mandato. Não por acaso,o país sediou o G20 e se prepara para a COP30,eventos que simbolizam a busca de reaproximação com o mundo.

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Adotar agora uma mensagem de viés nacionalista,mais próxima da retórica da direita que o próprio PT sempre combateu,soa como guinada oportunista. Um reposicionamento artificial,típico de estratégia marqueteira,que prioriza o impacto de curto prazo,mesmo ao custo da coerência programática e ideológica. Não à toa,o slogan lembra ideais como o “Brasil acima de tudo” da era Bolsonaro. No ritmo atual,só falta vestir a camisa da seleção (o boné já foi).

O que se vê,portanto,é mais que o uso eleitoral da comunicação governamental. É a própria política subordinada ao marketing,com prioridades invertidas. Em vez de a comunicação servir à política de governo,é a política que se curva aos ditames do marketing político. Esse movimento,além de degradar a função institucional da comunicação governamental,empobrece o debate público,reforça a polarização e corrói os princípios da impessoalidade e da transparência. No fim,o Brasil pode até ser dos brasileiros,mas a comunicação,claramente,virou dos marqueteiros.

*João Paulo Silveira é auditor público

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