BELEZA May 6, 2025 IDOPRESS

O problema para os políticos de centro

A batalha política nesta década do novo século passa pelas redes sociais — Foto: Arun Sankar/AFP

A batalha política nesta década do novo século passa pelas redes sociais — Foto: Arun Sankar/AFP

RESUMO

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GERADO EM: 06/05/2025 - 00:08

Desafios do Centro Político no Brasil: Narrativas e Solidão no Debate

No cenário político brasileiro,a identidade política é moldada por narrativas dominantes nas redes sociais,onde ser de esquerda ou direita assume um caráter tribal. Movimentos recentes de figuras centristas,como Michel Temer e Eduardo Leite,destacam a solidão do centro no debate político. A falta de uma narrativa coesa e atrativa impede que o centro ganhe tração,apesar da presença de brasileiros moderados.

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No início da semana passada,o noticiário político foi revolvido pelos movimentos do ex-presidente Michel Temer (MDB-SP) e do governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB-RS) querendo intervir na disputa pelo Planalto em 2026. O evento agitou inúmeros grupos de zap centristas voltados para o debate de política. Não é à toa: poucos lugares são mais solitários,no Brasil de hoje,que o centro. Por aqui,consistentemente invertemos a ordem das coisas. Discute-se muito quem pode ser o candidato a representar aquela visão de país que,um dia,Fernando Henrique Cardoso representou. Como se o candidato certo bastasse para conquistar o eleitor. Não faltam políticos capazes de ocupar esse lugar. O que falta,ora,são os eleitores. E nenhuma força política trabalha para atraí-los.

A batalha política nesta década do novo século se trava em duas dimensões. A principal é identidade. Mas o que a molda é uma narrativa. E as duas passam,fundamentalmente,por um único meio de comunicação. São,evidentemente,as redes sociais.

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Que história a direita bolsonarista conta? O Estado foi tomado por um grupo que não tem em vista os interesses do “verdadeiro povo”. A essa ideologia dá-se o nome de “marxismo cultural”. Eles,no Estado,não estão sozinhos. O jornalismo,a universidade e as artes foram igualmente controlados por esse grupo que quer impor uma visão única,sexualmente permissiva,corrupta e contrária à propriedade privada. A palavra-chave nessa história é “liberdade”. A elite que a tudo controla quer impor seu estilo de vida ao povo,que,religioso e conservador,tem pouca força para reagir,não fosse o grande líder. Ele luta para dar liberdade ao povo. Do outro lado,está uma “ditadura”.

A história,assim contada,é fantasiosa. Mas,de documentários da Brasil Paralelo a memes grosseiros distribuídos pelo WhatsApp,é contada,recontada e reiterada faz pelo menos dez anos. Tudo o que acontece no país é rapidamente reinterpretado através dessa lente. Dessa narrativa.

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A esquerda também tem uma narrativa do tipo. Conta que a elite é de direita,controla o país desde sempre e não tolera a ideia de justiça social. Dilma sofreu não um impeachment,mas um golpe,e Lula foi preso por ter contrariado as elites. Ambos ousaram botar brasileiros pobres na ponte aérea,nas faculdades. E o país não cresce porque neoliberais rentistas são entreguistas. Querem ganhar dinheiro negociando no mercado,não produzindo. Se não temos fábricas grandes,com legiões de operários,é porque os investimentos são desviados de um projeto industrial brasileiro para a taxa de juros básicos da economia,para o “mercado” que deseja ganhar sem produzir. Inclua-se no script,claro,o identitarismo que separa os muitos oprimidos brasileiros e grupos maiores ou menores de vítimas,dependendo de cor da pele,gênero ou orientação sexual.

Para ser justo com a visão de esquerda,ela é bem mais complexa do que é possível resumir num parágrafo e reúne trabalhos sérios de muitos acadêmicos em boas universidades. Mas,na verdade,a complexidade importa pouco. O que importa é a narrativa ser descrita num parágrafo,caber num meme,em slogans,em vídeos de 90 segundos.

Tais mensagens controlam as redes sociais quando o assunto é política. Republicá-las em texto,imagem ou vídeo faz parte de um jogo de reiteração de identidade. Política se tornou identidade. Ser de esquerda ou de direita exige o ritual de estar na vida on-line reforçando pertencer à tribo ou às subtribos. Ser capaz de analisar os acontecimentos do dia pelo filtro da narrativa,recontar a notícia pontuando como ela se encaixa na visão compartilhada pela tribo é a arte diária praticada no jornalismo engajado de uma banda e da outra.

O problema do centro é que não joga esse jogo. Não existe uma “narrativa” liberal-progressista que caiba num parágrafo e possa ser recontada em memes. Não bastasse,o centro é,por natureza,moderado. Mesmo que existisse,os algoritmos das redes gostam de distribuir o que gera atrito. O conteúdo do centro só decolará se houver a construção de uma narrativa,a produção de conteúdo em cima dela e o financiamento,pelas ferramentas das redes,para distribuir mais longe o material.

Existem brasileiros moderados. Mas,para que ser de centro vire uma identidade,é preciso construir e divulgar uma narrativa. Uma visão de Brasil. Quando acontecer,candidatos poderão surfar a onda.

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